Confio na sabedoria do meu corpo
- Té Carapinha
- 25 de fev. de 2017
- 2 min de leitura

Poucos meses se passaram desde que fui mãe pela segunda vez e quando encontro pessoas conhecidas a conversa vai muitas vezes culminar no parto. Quem me conhece sabe que sou defensora de um parto natural, sem induções e sem analgesias. Tive oportunidade de experienciar ambas as situações e sem dúvida que numa terceira voltaria a ter um parto com natural desenvolvimento do TP, sem ocitocina, sem epidural e se possível sem episiotomia.
Entre conversas oiço muitas vezes algo como: "Podendo levar anestesia, como é que tu optaste por sentir dor?" , "Não consigo compreender como é que alguém gosta de sofrer." "Oh céus, podias estar tranquila sem sentir nada e estiveste cheia de dores a gemer e com gosto?!" estas foram apenas algumas das muitas premissas que já ouvi desde que o pequeno nasceu.
A utilização de epidural tem imensos efeitos negativos, podendo diminuir os reflexos e a frequência respiratória do bebé, podendo o mesmo sentir os efeitos da anestesia. A mulher perde muitas vezes a noção do corpo tendo diminuição da vontade de fazer força e pode mesmo atrasar o trabalho de parto. A oxitocina (hormona do amor) é a hormona responsável pelas contrações uterinas que dão origem á dilatação do colo. Quanto á utilização de oxitonia artificial, muitas vezes leva a necessidade de intervenções médicas adicionais (fórceps/ventosas). As contrações induzidas artificialmente muitas são muito mais intensas e dolorosas, sendo que muitas vezes esta intervenção atrasa o trabalho de parto ou pode mesmo levar ao abrandamento do processo de dilatação ou total bloqueio levando muitas vezes a uma cesariana.
Um trabalho de parto desenrolado naturalmente no nosso ambiente familiar, no nosso lar, onde podemos movimentar-nos livremente, onde nos sentimos confortáveis e sem pressões, só nos traz benefícios neste momento tão intimo ao contrario de um TP em meio hospitalar onde nos obrigam a estar deitadas, o que ainda acentua mais as dores das contrações.
No parto não só nasce um filho como renasce uma mãe. Entendo esta dor como uma dor "boa" e a cada contração sinto o meu filho cada vez mais próximo de mim. Nesta altura sinto-me emponderada, aquele momento é só nosso, meu e dele. O facto de não estar anestesiada permite-me sentir perfeitamente a sua passagem pelo canal, ter consciência de cada momento do processo de expulsão.
Numa parto sem anestesia o bebé nasce muito mais ativo e isso é bem visível nos primeiro instante pele a pele enquanto ele procura a mama com o seu instinto natural e também a recuperação da mulher é muito mais rápida, sentimo-nos muito mais ativas no pós parto.
Voltaria a fazer tudo da mesma forma.
"Deus deu-nos as contrações e deu-nos também o espaçamento entre elas."
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