O receio dos juízos de valor
- Té Carapinha
- 15 de ago. de 2017
- 2 min de leitura

Todas julgamos! De uma forma ou de outra, umas mais subtis, outras declaradamente, mas é intrínseco ao ser humano fazer juízos de valor.
Tenho falado com muitas mulheres/mães, faço parte de grupos de mulheres em redes sociais (e outros que não de mulheres mas nos quais se verifica o mesmo) e facilito círculos de mulheres como já aqui divulguei. Um ponto comum a muitas é o receio de que ao mostrar transparência nas opiniões, atitudes ou métodos sejam de alguma forma olhadas de forma depreciativa pelas outras. Um dos aspetos comuns é a controvérsia do sentimento existente ao bebé que acaba de nascer. Conheço mães que dizem já amar o seu bebé profundamente antes de nascer e no primeiro momento nos seus braços olharem para ele sem qualquer sentimento, outras que ao primeiro olhar ficaram apaixonadas e outras que não sentiram nada mas sob pena de serem criticadas são incapazes de o admitir. Mamãs que dormem com os seus bebés mas perante as opiniões de que esta prática é incorreta porque habitua mal o bebé ou é má para a relação do casal, entre enumeras justificações que já ouvi sobre o tema não o admitem ou só o admitem algum tempo depois de já o terem feito. A amamentação e a necessidade de justificação sobre o que leva a mulher a deixar de amamentar, porque dizer simplesmente "Não amamentei porque não quis" ou "Não amamentei porque me doía" ou "Introduzi o biberon porquê o bebé dormia melhor a noite toda" levanta pensamentos críticos nas mamãs que amamentam em exclusivo por 6 meses e prolongam a amamentação por tempo indeterminado. A alimentação, ui que tema controverso. Bolacha Maria ou não bolacha Maria, entre tantos outros alimentos que já demos mas que não deveríamos ter dado. A mãe que grita...ora vamos lá, quem nunca lhe saltou o tampo com os miúdos que atire a primeira pedra. Acho espetacular o tom monocórdico de uma mãe a repreender o seu filho depois de se deparar com uma grande asneirada, quando já atravessou 8 horas de trabalho, uma pilha de roupa na tabua de passar a ferro e uma pia cheia de loiça, mas as vezes sai um berro, ou até mesmo um nome malcriado e quiçá uma sacudidela de pó no rabo (a chamada palmadinha pedagógica). Quem é que no pico do cansaço nunca desejou desaparecer, sonhou pegar na mala abandonar tudo e ir viver para uma ilha paradisíaca longe da casa do marido e dos moços, mesmo 5 minutos depois pensado que morreria de saudades de tudo isso. Todas somos peritas em analisar e categorizar as outras, principalmente porque avaliando as outras pomo-nos em contacto connosco e o que faz das outras piores faz de nós melhores. Mas na realidade o que é que faz de nós boas mães, entre atitudes e pensamentos? O que é que caracteriza uma boa mãe? Não será amar os seus filhos e dar o melhor de si, o melhor que sabe e o melhor que pode?
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